Como sou cinéfila de carteirinha e assisto a absolutamente todos os gêneros de filme, resolvi trazer, neste artigo, onze dicas de filmes da categoria “clássico cult adolescente (teen)” para você se deliciar!
Aqui, apresento uma breve sinopse e também as razões pelas quais são filmes imperdíveis, a ponto de serem considerados do tipo “clássico cult”.
Ainda apresentei no final um bônus para vocês e uma certa polêmica, envolvendo o filme “Gatinhas e Gatões”.
Espero que gostem do conteúdo!
O que é “clássico cult”?
Antes de mais nada, precisamos entender o que faz um filme ser considerado “cult”.
Os filmes “cult”, geralmente, não fazem um grande sucesso imediato, com uma boa bilheteria, mas tendem a crescer com o tempo.
Dessa forma, ganham, ao longo dos anos, uma base de fãs sólida e dedicada. E essa base de fãs continua crescendo, com o passar do tempo, sendo um dos aspectos que faz um filme ser considerado “cult”.
Nem sempre o termo é, necessariamente, o oposto do “mainstream” hollywoodiano. Isto é, embora ser “diferentão” seja uma das características, a decisiva mesmo é só uma: ser um filme cultuado por fãs.
Nesse sentido, os fãs é que são responsáveis por levar o filme a outros patamares, nunca imaginados pelos próprios criadores. Os fãs costumam aplicar a obra em seu próprio estilo de vida, o que reflete um verdadeiro culto, que é a palavra de ordem aqui.
Não apenas o filme “cult” pode transgredir formas, como também pode trazer alguma reflexão ou até mesmo frases memoráveis e nostalgia, como é o caso dos que elenquei aqui.
Mesmo muitos daqui tendo sido sucessos de bilheteria, são as cenas memoráveis, a permanência na cultura pop e a nostalgia que os classificam como “clássico cult”, do gênero adolescente.
1. De Volta para o Futuro – “Back to the Future” (1985)
Para encabeçar esta lista, não tem como ser outro filme, que não seja “De Volta para o Futuro”, meu queridinho da vida!
Esse verdadeiro clássico cult conta a história de Marty McFly (Michael J. Fox), estudante e aspirador a guitarrista, que não acredita em si mesmo.
Sua família não é exatamente a mais bem sucedida: vivem em uma casa simples, de classe média. Sua mãe é puritana, seu pai é um bobalhão, seu irmão trabalha no Burger King e sua irmã… bem… não consegui definir qual seria o problema dela.
Apesar de sua família disfuncional, Marty tem uma linda namorada, Jennifer Parker (Claudia Wells), e um amigo bem mais velho, Dr. Emett Brown (Christopher Lloyd), responsável por fazer toda a diferença na vida de Marty.
Dr. Brown é um cientista, daqueles bem malucos e com muitas invencionices! Ao acompanhar Dr. Brown em mais uma de sua experiências, Marty acaba entrando em uma máquina-do-tempo (um DeLorean) e volta ao ano de 1955, na época em que seus pais tinham sua idade.
Lá, acaba interferindo em sua própria história e, agora, com a ajuda da versão mais nova do Dr. Brown, precisa resolver a situação, que ameaça sua própria existência.
Clássico Cult em todos os aspectos!
Ai, gente, por onde começar, não é mesmo?
Este filme, para mim, é uma verdadeira obra-prima nerd e master símbolo da cultura pop dos anos 80. Foi um sucesso de bilheteria e conseguiu redefinir comportamentos, moda e viagem no tempo, como nunca antes visto!
O enredo pode parecer até simples, mas a dinâmica adotada para contar essa história é espetacular!
Ademais, o filme não faz feio, em efeitos, frente a muitas produções atuais. Isto é, o público de hoje não vai ver com muito incômodo os efeitos usados no filme, a não ser a parte em que a mão de Marty vai sumindo, que está bem aquém das novas tecnologias cinematográficas, realmente.
O filme tem bastante graça também, porque, na década de 80, já era comum televisão em casa, já havia sido inventada a coca diet e já existia a marca Calvin Klein. Durante o filme, a gente vai se deparando com tanta coisa, que a gente fica: caramba, pode crer, isso nem existia naquela época!
Por isso, o que eu mais AMO nesse filme é a quantidade gigante de easter eggs! Por exemplo, o Marty McFly ter dado a ideia de “Johnny B. Good” para o próprio Chuck Berry e depois receber os créditos, ao final do filme (rs).
Alem do mais, Marty traz referências do cinema do “futuro” (1985), com o Darth Vader (Star Wars) e a saudação do planeta vulcano (Star Trek), unidos em uma mesma cena. Sem contar o shopping Two Pines, que depois vira One Pine, após Marty atropelar um dos pinheiros, ao chegar no passado.
Mas essas partes você vai precisar ver para entender melhor!
“Aonde nós vamos, não precisamos de estradas”
Falei até agora, basicamente, do plot do primeiro filme “De Volta para o Futuro”, mas ele possui duas continuações, também de excelentes qualidades. No segundo filme, Marty viaja para o futuro (21 de outubro de 2015) e se depara com inúmeras tecnologias. Iguais a ele, nos deslumbramos e sonhamos que um dia tudo aquilo seja realidade.
E não é que algumas até são?
A Nike lançou em 2011 e, novamente, em 2016, a réplica do tênis encontrado no futuro por Marty – também da marca Nike no filme – que se amarra sozinho. Encontrei informação de que foram vendidos a 20mil reais, mas encontrei hoje na internet alguns sendo vendidos a 90mil!
Em 2018, a Nike anunciou um tênis que se amarra sozinho, desta vez para uso normal: o HyperAdapt 1.0. Porém, o preço ainda continua salgado para reles mortais: US$720 (setecentos e vinte dólares).
Outra invenção que também virou realidade é o “Hover Board”, após a start-up, Hendo Hover, anunciar a criação de um skate voador, com bateria para funcionar durante 7 minutos.
Quanto à sua influência, obviamente inúmeras obras são inspiradas em “De Volta para o Futuro” e o maior exemplo disso é “Rick&Morty”, melhor desenho adulto de todos os tempos! Só podia ter buscado inspiração onde, né…
O filme chegou a ser citado até em um discurso do ex-presidente Ronald Reagan, no Congresso Americano, com a frase que intitula este sub-tópico. Por favor, né?! Querem filme com maior influência global do que este?
Pequena curiosidade
Com tudo isso, nem dá para acreditar que o roteiro foi recusado inúmeras vezes, até ser “apadrinhado” por Steven Spielberg, que virou um de seus produtores, levando-o para a Universal Studios. É, meus queridos, para vocês verem… Nunca desistam dos seus sonhos!
Certamente, o mundo do cinema não teria sido o mesmo se Robert Zemeckis, diretor do filme, tivesse desistido. E olha que nem falei para vocês, mas Michael J. Fox nem era o ator escolhido. Na verdade, o filme foi gravado por umas 5 semanas com Eric Stoltz no papel.
Entramos então na mesma questão do filme: caso Stoltz tivesse continuado no papel, toda nossa percepção sobre o personagem mudaria; caso Zemeckis tivesse desistido, o filme sequer existiria e a cultura pop hoje seria muito diferente. Você têm noção dessa louca realidade alternativa?!
E mais… Já pensou se Eric Stoltz volta ao passado e muda todo o ocorrido, para continuar como protagonista? Não quero nem imaginar!
Melhor essa possibilidade ficar só na ficção mesmo! (rsrs)
2. Curtindo a Vida Adoidado – “Ferris Bueller’s Day Off” (1986)
Grande clássico cult, “Curtindo a Vida Adoidado” é um dos filmes dos anos 80/90 do gênero que mais influenciou a cultura pop. Alguém lembra da cena inicial do primeiro filme do Deadpool? Pois é!
A obra conta a história de Ferris Bueller (Mattew Broderick), que consegue enganar seus pais, fingindo estar doente, para matar aula. Decide que, naquele dia, faria algo diferente. Assim, consegue convencer seu melhor amigo, Cameron (Alan Ruck), e sua namorada, Sloane (Mia Sara), a tirarem um dia de folga pelas ruas de Chicago.
Ferris, enquanto parte da querida “geração coca-cola”, acredita que poderia estar fazendo coisa melhor, do que em uma sala de aula aprendendo fórmulas matemáticas que dificilmente usará no futuro.
Enquanto isso, o diretor da sua escola, convencido de que a doença é fingimento de Ferris, cruza a cidade à sua procura. Isso ao mesmo tempo em que sua irmã implicante também tenta pegar Ferris no flagra e mostrar para os pais, de uma vez por todas, que ele não é o anjinho que todos pensam.
“Save Ferris”: A intenção deste clássico cult é ser leve e divertir!
O filme não traz nenhuma grande reflexão ou problemas existenciais dos personagens, que não são aprofundados. Temos, tão somente, um jovem que quer aproveitar a vida, antes que ela acabe.
A fim de simbolizar esse lado divertido e de curtição do jovem Ferris, o filme traz uma fotografia hiper colorida e eletrizante.
Além do mais, a obra criou cenas icônicas, que são lembradas até hoje, como o famoso “Twist and Shout” na parada, a icônica pose de contemplação das artes no museu e a dolorosa cena final da Ferrari.
Não apenas isso, o filme inova e aproxima o telespectador, ao quebrar a quarta parede, em que Ferris passa a se dirigir diretamente a quem o está assistindo. Ainda é interessante perceber que o “Ferris narrador” e o “Ferris protagonista” são bem diferentes, sendo possível diferenciar quando ele está dentro e fora da narrativa. Ponto para o ator!
“A vida anda muito depressa. Se você não parar e olhar à sua volta de vez em quando, você pode acabar perdendo-a de vista.”
– Ferris Bueller
Em resumo, o filme é extremamente leve e representa um grande grito de liberdade, muito característico da juventude da época. E a gente, como telespectador, abraça essa saga hedonista com os dois braços!
Isso porque, quando somos adolescentes e vemos esse filme, sentimos exatamente a mesma coisa que o protagonista: “tanta coisa acontecendo lá fora, e eu aqui dentro de uma sala de aula”.
Depois, quando mais velhos, vemos o filme com nostalgia, afinal, quem nunca matou aula para ir à praia, aqui no Rio de Janeiro? (rsrs)
Enfim, tenho apenas mais uma coisa para lhes dizer: CARPE DIEM!
3. Clube dos Cinco – “The Breakfast Club” (1985)
O filme começa com cinco jovens – o atleta, o nerd, o delinquente, a patricinha e a esquisitona – que, por razões distintas, acabam obrigados a cumprir detenção na escola.
Assim sendo, o diretor da escola exige uma redação de cada um, Andrew (Emilio Esteves), Brian (Anthony Michael Hall), John (Judd Nelson), Claire (Molly Ringwald) e Alisson (Ally Sheedy), com os motivos pelos quais estão na detenção.
John ocupa seu tempo a provocar os demais estudantes, contudo, após muitas brigas, os cinco decidem entrar em um denominador comum.
Logo, passam a correr pela escola, à procura de um pacote, que está no armário de John, tendo que fugir do diretor, a fim de não serem pegos. Esse “gato e rato” é bastante divertido!
Após algumas situações “tensas”, os cinco terminam novamente reunidos e, agora, fumando maconha, que era, justamente, o que tinha no tal pacote.
Nesse momento, entram em real sintonia e contam uns aos outros seus medos e seus conflitos pessoais. Com isso, percebem que são mais parecidos do que imaginavam.
A crítica, no final das contas, é a de que os jovens acabam, por vezes, assumindo para si valores totalmente irreais. Com efeito, reproduzem, em seus comportamentos, uma criação deficiente, oriunda de pais relapsos. E é isso que causa confusão e dificuldade de encontrar seu local de pertencimento.
O filme mostra que, após ficarem mais conscientes acerca de suas próprias fraquezas e perceberem que todos possuem problemas, os jovens agora podem crescer de forma mais sã, apesar de todo um universo doente e estigmatizador que existe lá fora.
4. Meninas Malvadas – “Mean Girls” (2004)
Abram alas para o filme mais ícone da vida!
O longa retrata os acontecimentos na vida de Cady Heron (Lindsay Lohan), quando vai para uma escola normal, após ter sido a vida toda educada pelos pais em casa. No segundo dia de aula, conhece Janis (Lizzy Caplan) e Damian (Daniel Franzese), que ensinam sobre a dinâmica do colégio e, principalmente, sobre Regina George (Rachel McAdams), a “abelha-rainha”.
De repente, Cady acaba se aproximando acidentalmente de Regina, que “adota” Cady como seu “pequeno projeto”, incorporando-a ao seu grupo de amigas, conhecidas como “As Poderosas”.
Assim que isso acontece, Janis enxerga a oportunidade perfeita para se vingar de Regina George.
Acredito que o grande trunfo do filme seja escancarar, com muita acidez, o escalonamento social que há dentro de um colégio, muitas vezes incompreendido pelos professores.
Além disso, o filme retrata a constante rivalidade existente entre meninas e o julgamento que fazem de seus corpos. Acima de tudo, o filme é uma lição sobre sororidade, em uma época na qual nem se falava tanto disso.
Quem traz esse tom ao filme é a professora, Sra. Sharon Norbury (Tina Fey), que coloca todas as meninas da escola para conversar e expor seus sentimentos, tudo em uma grande DR.
Frases como: “Vocês precisam parar de chamar umas às outras de vadias ou prostitutas. Isso só faz com que os meninos achem que seja ok chamar vocês dessas coisas”, nos põem a refletir nesse sentido.
Clássico cult: “That’s so fetch!”
“Meninas Malvadas” vem, ao longo dos anos, cimentando seu lugar na prateleira de “clássicos cult adolescentes”.
Afinal, tornou-se uma grande referência na cultura pop, não apenas na televisão, como também na música. É o caso de Ariana Grande, que usou o filme como base para seu clipe “Thank U Nxt”.
Fora que o longa ganhou também, nas mãos de Fey e Jeff Richmond, seu marido, uma versão inspirada, como musical na Broadway, que foi igualmente sucesso de bilheteria.
Definitivamente, o “barro” aconteceu!
5. Show de Vizinha – “The Girl Next Door” (2004)
Ok, “Show de Vizinha”, acredito eu, ainda não foi alçado ao patamar de clássico cult, mas eu simplesmente AMO esse filme! Então, resolvi incluí-lo na lista e fazer as vezes de crítica de cinema (rsrs).
O filme conta a história de três amigos, Matt, Eli e Klitz, que são os nerds da escola. Matt, o protagonista, está passando por uma crise existencial, ao perceber que não curtiu a escola da forma como gostaria. Além disso, precisa obter uma bolsa na faculdade, através daquelas famosas entrevistas, que vira e mexe aparecem em filmes norte-americanos, sabem?
Enquanto isso, muda-se para a casa ao lado a sobrinha de sua vizinha, chamada Danielle, que está na cidade durante uma temporada. Quando é pego de surpresa, enquanto olhava “sem querer” sua nova vizinha trocando de roupa, Danielle aparece na frente de sua casa para “dar o troco”. No entanto, ela não faz nada contra Matt e os dois acabam, na verdade, se aproximando bastante.
Em seguida, ao descobrir um segredo de Danielle, Matt é estimulado por seus amigos a tirar alguma vantagem da situação.
Ao notar as reais intenções do rapaz e que ele perdeu o olhar que antes tinha para com ela, Danielle resolve retornar à sua vida antiga e some do mapa. E é aí que tudo acontece, da forma mais engraçada e frenética possível.
O filme, embora não seja um clássico, se destaca de muitos do gênero, por conta da inteligência do roteiro, que apresenta um desencadeamento de fatos bastante redondo.
Ademais, aborda temas importantes, dentre eles a sexualidade, mas sem aquela baixaria, típica de um “American Pie”.
Enfim, o filme surpreende, ao meu ver, por não ser dividido em “mocinhos” e “bandidos”, mas sim em gente que apenas está vivendo e, durante o percurso, cometendo seus erros.
6. As Patricinhas de Beverly Hills – “Clueless” (1995)
Clássico dos anos 90, o filme retrata a vida da adolescente Cher (Alicia Silverstone), que é filha de um advogado muito rico. Sua vida resume-se em fazer compras e ser popular, juntamente com sua amiga Dionne (Stacey Dash), igualmente alienada e fútil.
Nesse ínterim, entra em cena Josh (Paul Rudd), ex-enteado de seu pai, que passa muitos momentos na sua casa, em Beverly Hills, criando laços cada vez mais estreitos com a protagonista, o que a leva a questionar seu modo de vida alienado. Em meio ao caos e aos males-entendidos, naturais da adolescência, Cher vai descobrindo, aos poucos, estar apaixonada por Josh.
Ainda que a história toda seja um grande clichê de Hollywood, muito difícil não se identificar com a história retratada no longa. Afinal, quem nunca passou por problemas parecidos, de amizades desfeitas, conflitos sexuais e amores que não fazem sentido?
Ademais, em meio a toda essa futilidade, o filme, na verdade, funciona como uma sátira da vida dos adolescentes daquela época, desde os populares e os “yuppies“, até os “skaters” e os excluídos. Dessa forma, o filme retrata muito bem, seja no figurino, na fotografia ou na atmosfera criada, como era a vida dos jovens norte-americanos na época.
Anos 90: de clássico cult a cultura pop e moda!
É importante ressaltar que o filme é tão icônico que virou referência na cultura pop e, até hoje, conquista mais e mais fãs, justamente o que assegura seu lugar nesta lista de clássicos cults adolescentes. Até Iggy Azalea baseou seu videoclipe, “Fancy”, nesse mar de referências que é “As Patricinhas de Beverly Hills”.
O movimento atual da moda é totalmente 90’s e o filme, sem sombra de dúvida, serve como inspiração nas produções de moda por todo o Mundo. Tanto isso é verdade, que vemos em vitrines, geralmente em época de outono/inverno, peças em xadrez que lembram – e muito – os modelos usados pelas patricinhas do filme.
Obs: Li também que o filme vai virar série, produzida pela CBS, e será uma mistura de “Riverdale” com “Meninas Malvadas”. Whaaaaat…?!
7. 10 Coisas que Eu Odeio em Você – “10 Things I Hate About You” (1999)
Esse clássico cult adolescente trata-se de mais uma comédia romântica dos anos 90. O longa conta a história de duas irmãs, Katherine Stratford (Julia Stiles) e Bianca Stratford (Larisa Oleynik), sendo a primeira, uma megera, e a segunda, meiga e popular.
Ocorre que Bianca quer ficar com o cara mais popular da escola, Joey Donner (Andrew Keegan), mas seu pai a proíbe, afirmando que ela só poderá namorar alguém, quando Kat também o fizer.
Enquanto isso, Cameron (Joseph Gordon-Levitt) apaixona-se quando vê Bianca pela primeira vez. Ao saber da regra imposta pelo pai da menina, arquiteta um plano para que o “badass” da escola, Patrick Verona (Heath Ledger) saia com Kat. Para isso, revela a Joey a regra imposta pelo pai de Bianca e sugere que ele dê dinheiro ao Patrick, pelo feito de sair com Kat.
Tudo como se fosse para Joey sair com Bianca, sem demonstrar que, na verdade, ele, Cameron, é quem queria ter o caminho livre para a moçoila. O que ninguém esperava é que Patrick se apaixonaria, de fato, por Kat, e vice-versa.
O filme, também um clássico dos anos 90, produziu inúmeras referências que são mimetizadas na cultura pop até hoje, como a memorável cena em que Patrick desce as escadas do estádio da escola, cantando “Can’t take my eyes of you”. Sem contar a cena em que Kat declama um poema para Patrick, em sala de aula, e começa a chorar.
Por fim, uma curiosidade é que o filme foi inspirado na história da peça “A Megera Domada”, de Shakespeare, que eu tive o prazer de representar no Teatro Vanucci e no Teatro dos Grandes Atores, no final de 2019. O filme não apenas leva sua narrativa no mesmo sentido, como também traz “easter eggs” nos nomes dos personagens e da escola.
8. Ela é Demais – “She’s All That” (1999)
Outro ícone do gênero, esse filme atravessa décadas e mantém-se atual até hoje. Esse clássico cult adolescente conta a história de Zach Siler (Freddie Prinze Jr.) – atleta e popular – e Laney Boggs (Rachael Leigh Cook) – esquisita, nerd e tímida.
Logo, Zach acaba apostando que consegue transformar Laney na rainha do baile, daquele que é o pesadelo mais comum de todos os filmes de temática adolescente: o baile de formatura.
No começo, a aproximação dos dois é difícil, principalmente porque Laney não possui confiança em Zach. No entanto, aos poucos, como é de se esperar, os dois vão descobrindo muito um sobre o outro e acabam se apaixonando. E tudo isso ao som de “Kiss Me”, clássico hit dos anos 90, da banda Sixpence None the Richer.
Assim, com trilha sonora marcante, o filme já teve até sua própria paródia, “Não é Mais um Besteirol Americano”. Uma curiosidade é que “Ela é Demais” buscou sua inspiração na peça “O Pigmaleão”, escrita por George Bernard Shaw, adaptada para o cinema com o clássico “My Fair Lady” (1964), trazido ao Brasil por Bibi Ferreira.
Até os dias atuais, o filme segue servindo de referência para o gênero. Mesmo que não tenha sido o filme a criar essa temática, certamente foi ele que carimbou a história no cinema mundial e no ideário da cultura pop noventista.
9. Namorada de Aluguel – “Can´t Buy Me Love” (1987)
Nesta lista com inúmeras comédias românticas de colegial, aqui temos mais uma, o que não desmerece o filme, até por ter um conflito, de certa forma, bem original para a época. “Namorada de Aluguel” traz Ronald Miller (Patrick Dempsey) como estudante em uma escola muito bem dividida naqueles clássicos nichos adolescentes: os populares, os rockeiros, os inteligentes e os nerds, grupo ao qual Ronald pertence.
Ademais, Ronald nutre uma admiração pelos populares da escola, em especial, pela desejada Cindy Mancini (Amanda Peterson). De repente, Cindy se vê em uma delicada situação, da qual precisa de mil dólares para se safar. E eis que aparece Ronald para lhe salvar. Em troca de sua ajuda financeira, Ronald pede que Cindy finja ser sua namorada por determinado período de tempo.
Não só Cindy acaba se apaixonando por Ronald, como também este acaba virando muito popular. Por consequência, acaba esquecendo seus amigos nerds, com quem andava, e acaba tornando-se uma pessoa totalmente diferente do que um dia foi. Até mesmo Cindy estranha a pessoa que ele se tornou e, como é de se esperar, tudo acaba desandando no final.
O filme é extremamente leve, bem escrito e divertido, refletindo muito bem a juventude da época. Além do mais, traz discussões importantes, acerca da identidade em construção do adolescente, e faz refletir sobre os valores que pretendemos levar para nossa vida. Talvez o que mais importa não seja exatamente o que a gente mais quer. E é bom ter isso em mente, a fim de não nos perdermos em nossas ambições.
10. Te Pego Lá Fora – “Three O’Clock High” (1987)
Essa comédia conta a história de Jerry Mitchell (Casey Siemaszko), típico adolescente nerd, que trabalha na papelaria da escola. Como também é redator do jornal estudantil, é designado para entrevistar o aluno novo, Buddy Revell (Richard Tyson), o qual já carrega a fama, de outros carnavais, de ser um psicopata.
Apesar de Revell não ser o típico bully, que mexe e abusa dos demais, ele possui uma regra pessoal: ninguém pode tocar nele. Ocorre que é justamente isso o que Mitchell faz, despertando a ira de Revell, que o desafia para um duelo às 3 da tarde no estacionamento da escola.
Logo, Mitchell se encontra lutando contra o tempo, para escapar de sua verdadeira sentença de morte. Assim, faz de absolutamente tudo para evitar seu fim certo, armando as mais variadas situações, as quais julga serem capazes de mudar o rumo do seu destino trágico. Porém, tudo parece apenas piorar mais ainda o estado em que se encontra, o que deixa o longa ainda mais cômico.
Mesmo sendo aquele típico filme de sessão da tarde, como todos aqui, a bem da verdade, alçou-se ao patamar de clássico cult adolescente e merece ser visto, nem que seja pelas referências da cultura pop oitentista.
11. Digam o que Quiserem – “Say Anything” (1989)
Nosso último clássico cult, esse filme conta a história de Lloyd Dobler (John Cusack) e Diane Court (Ione Skye), jovens recém saídos da vida de colegial para a vida adulta. Enquanto ele não sabe o que fazer de sua vida, Diane, jovem promissora, já tem todo seu futuro traçado.
Mesmo diante de tantas diferenças, Lloyd chama Diane para sair, ao que ela aceita e eis o início de toda a história. O filme começa suave, transita pelo universo da descoberta do amor e termina com os protagonistas diante dos primeiros problemas adultos.
Acredito que o que mais diferencia essa comédia romântica de todas as demais é o otimismo que está por trás de todo o longa-metragem, em que os personagens se jogam na vida, sem medo de errar. Sim, é bastante ingênuo, porém bastante verdadeiro também.
Fora que eu sempre gosto de produções que influenciam, ainda que em menor escala, filmes, séries, música, enfim, a cultura pop, com referências interessantes, como é o caso da cena em que Lloyd coloca o rádio acima de sua cabeça.
A propósito, devo ressaltar aqui o quão apaixonante é o personagem de Lloyd, pois é amigo, companheiro, otimista, incentivador, carinhoso e um verdadeiro cavalheiro. Acho bastante difícil ver esse filme sem sair querendo um Lloyd para chamar de “meu amor” (rs).
Além disso, Lloyd está disposto a seguir Diane onde quer que ela pretenda ir – e deixa isso muito claro para o pai dela – revertendo a lógica cinematográfica da mulher que larga carreira e futuro para acompanhar seu grande amor.
Bônus: Freaks and Geeks (1999) – clássico cult “must see”
“Freaks and Geeks” ficou separado dos demais clássicos cult, porque é, na verdade, uma série, lançada em 1999 e que durou apenas uma temporada.
Conta a história de Lindsay Weir (Linda Cardellini), uma garota inteligente, considerada um dos “cérebros” da escola, que, após a morte de sua avó, muda radicalmente seus hábitos. Nesse sentido, acaba rompendo as barreiras dos subgrupos escolares e começa a andar com os intitulados “freaks” da escola, um grupo de desajustados.
Ao entrar nesse novo grupo, começa a experimentar todo o mundo adolescente que antes desconhecia, com festas, drogas e relacionamentos complicados. Diferentemente de alguns filmes do gênero, os conflitos não são nem um pouco superficiais, de modo que a série diverte, ao mesmo tempo que faz refletir.
Compondo a turma dos “Freaks“, temos um elenco de peso – desconhecido na época – composto por James Franco (Daniel Desario), Seth Rogen (Ken Miller), Jason Segel (Nick Andopolis) e Busy Phillips (Kim Kelly).
Ao mesmo tempo, temos o irmão mais novo de Lindsay, Sam Weir (John Francis Daley), que também está em sua fase de descobertas pessoal. Sam nutre um amor platônico por Cindy Sanders, que é meiga, popular e líder de torcida. Juntamente de Neil Schweiber (Sam Levine) e Bill Haverchuck (Martin Starr), Sam compõe a turma dos “Geeks“.
Por quê é tão boa?
Talvez o ponto que mais me chamou atenção na série, além do roteiro bem redondo, é que a história não gira em torno unicamente do romance entre os adolescentes. Há muito mais do que isso.
A série é, realmente, muito inteligente e deixa qualquer futilidade a quilômetros de distância, para trazer conflitos reais, como bullying, drogas e incerteza do futuro. O programa traz muita realidade nas suas representações, nada sendo exagerado para ser engraçado. Tudo apenas flui, naturalmente.
No final, acredito que o “botton line” da série é que não importa realmente quem você é, a que grupo pertence, se você é “freak” ou “geek“, mas sim que você precisará passar por essa fase, queira ou não. E importa com quem você vai passar.
Duvido muito assistir “Freaks and Geeks” e não se apaixonar de cara pelo programa, cujos personagens vão adquirindo cada vez mais camadas, em seu decorrer. A série é leve, engraçada e merece ser vista, de verdade!
Se tinha qualidade, por quê foi cancelada?
Por incrível que pareça, o tamanho do público foi inversamente proporcional à qualidade da série. Isso porque a série, que lutou muito para sair do papel, apenas conseguiu o horário na TV de 20h, em um sábado. Não entendeu? Eu explico.
Imagine nos anos 90, em que as atrações televisivas dependiam de as pessoas ficarem sentadas naquele bat-horário, naquele bat-canal, para assistir a um programa. Obviamente que as pessoas estavam saindo às 20h de um sábado e não em casa, vendo TV! Por lógica, podemos concluir que, mesmo a série possuindo muita qualidade, não alcançou a quantidade de público que seria necessária para sua manutenção no ar.
Assim, ainda que tendo conquistado uma legião de fãs fiéis e sendo aclamada pela crítica, a série tinha uma audiência considerada muito baixa, a ponto de não se sustentar. O fim foi abrupto e deixou os fãs completamente estarrecidos e órfãos.
Eu mesma fiquei muito chateada, quando assisti na Netflix (hoje não está mais no catálogo) e percebi que só tinha mesmo 1 temporada. Fiquei indignada e olha que nem acompanhei a série naquela época, como tantos fãs!
Clássico Cult “post mortem”
Com o passar dos anos, a série ganhou o status de “cult”.
Após começar a ser reprisada em canais pagos e em serviços de vídeo por streaming, a série passou a ficar bastante popular. E isso se dá, precisamente, por que a série aborda o tema do colegial sob o prisma de o quanto a realidade de crescer pode ser dolorosa.
Obviamente que as produções daquela época queriam uma visão mais romantizada do ensino médio e a série transgrediu nesse ponto. Inclusive, é por esse realismo que a série ganhou e vem ganhando tantos fãs, pois é difícil assistir aos episódios sem lembrar das incertezas que passamos durante nossa adolescência. A dor e a angústia eram as mesmas, não é mesmo?
Enfim, enquanto clássico cult moderno, afirma Ron Simon, historiador do Paley Center for Media TV, que a série desafiou as convenções de gênero adolescente. Por isso, temos hoje essa série como um grande clássico cult imperdível!
Curiosidade para meus/minhas colegas atores/atrizes
Vocês sabiam que muitos(as) atores/atrizes modificaram totalmente os papéis para os quais foram chamados(as)? Sim, pois muitos atores/atrizes entraram no local das audições e não eram exatamente como foram escritos no roteiro.
Dessa forma, os roteiristas reescreveram inúmeros personagens com base no que o ator/a atriz entregaram no dia do teste.
Foi o caso de Segel, que não era o que o criador da série, Paul Fieg, imaginava para o papel.
Porém, seu colega e produtor da série, Judd Apatow, o convenceu a reescrever o personagem, levando em consideração o quanto Segel foi bom na audição.
Isso é muito importante, pois comumente ficamos preocupados em nos encaixar no papel que queremos. Enquanto isso, os produtores e diretores estão muito mais atentos ao que podemos acrescentar para o personagem.
E isso acontece o tempo todo!
Por qual motivo deixei “Gatinhas e Gatões” de fora da lista “Clássico Cult”
Sim, “Gatinhas e Gatões” é considerado um clássico cult, mas não achei o filme legal. Na verdade, a própria atriz que fez Sam, Molly Ringwald, acha o filme machista e incentivador da cultura do estupro.
Isso porque há uma cena em que a personagem Caroline, namorada de Jake Ryan, fica muito bêbada e ele, simplesmente, a entrega na mão de um estranho qualquer. E ainda diz: divirta-se.
O geek, para quem é entregue Caroline, a leva em um carro pela cidade e, ao parar, com Caroline inconsciente, fica tirando inúmeras fotos ao lado dela, para mostrar depois aos amigos.
Nada disso parece ter muita importância, já que a cultura do estupro é super normalizada na década de 80. Em realidade, a visão do que é estupro para a sociedade da época era, “tão somente”, o ataque de um indivíduo à uma moça e não abarcava nada do que escrevi até agora.
Aliás, o que aconteceu com Caroline é até considerado, para a lógica da época, algo justificável. Afinal, ela era dada a festas, bebia, não “impunha respeito”, ou seja, “era uma vadia”. “Ela merecia ser estuprada”, não? Tudo para enaltecer a pureza da protagonista.
Nada disso importa: o boy continua sendo magia…
Cabe pontuar que Jake Ryan é o boy magia pelo qual a protagonista é apaixonada! O boy que larga a atual namorada, DO NADA, só porque ficou sabendo que uma outra menina “mais pura” gosta dele.
Sem contar que com aquela narrativa de “menina que parece ser muito especial, sequer tendo trocado uma palavra com ele”.
Jake Ryan… Pensa no tipo metido, vazio de ideias e superficial. Pensou? É, justamente, a grande paixonite dela!
Por todas essas razões, não elenco o filme como um clássico cult incrível de ser visto. Entretanto, fiz questão de falar sobre, até para mostrar que o excluí, não por desconhecimento de sua existência, mas sim por até saber demais sobre ele.
E não gostar do que sei.
Tópicos Relacionados
Gostou do conteúdo? Temos muito mais sobre cultura, arte e sociedade para você!
Você pode se interessar:
- Dorama Coreano – 10 Dicas para Maratonar na Netflix
- LEI ROUANET: como funciona e opinião
- NOVA EDITORA – CAROL MORENA
–
Escrito por Carolina Morena